Imitaçao... 1.19
DOS EXERCÍCIOS DO BOM RELIGIOSO
E, na verdade, melhor deve ser o interior do que o exterior que se vê: pois, onde quer que estejamos, nos olha Deus, a quem devemos suma reverência e, em cuja presença, é mister que andemos puros como anjos.
Devemos, cada dia, renovar nossos bons propositos e excitar-nos ao fervor, como fosse o primeiro dia da nossa conversão e dizer: " Ajudai-me, Senhor e Deus meu, no meu bom proposito e no vosso santo serviço: concedei-me começar hoje deveras, porque nada é o que até aqui tenho feito"
Consoante o nosso proposito será o nosso progresso:de muita deligência precisa quem deseja sério aproveitamento.
Se aqule que toma resolução enérgica, facilmente desfalece, o que será de quem a toma raramente ou propõe com menos firmeza ?
De vários modos acontece faltarmos ao nosso propósito e, dificilmente, passa sem dano algum à mais leve omissão em nossos exercícios de piedade.
O próposito dos justos depende mais da graça de Deus que da própria sabedoria, nele confiam sempre em tudo que empreendem.
Quando, por piedade ou proveito do próximo, se omite algum dos costumados exercício, facilmente, depois, se pode recomeçar.
Mas se deixamos com facilidade, por tibieza ou negligência, grande é a culpa e sentir-se-á o prejuizo. Esforcemo-nos, quanto possivel, e mesmo assim cairemos ou muitas faltas.
Contudo, sempre se deve propor alguma coisa determinada, principalmente contra aquilo que mais nos embaraça.
Tanto o nosso exterior, quanto o interior, deve ser, igualmente,examinado e regulado porque ambos concorrem para o nosso aperfeiçoamento.
Se não podes viver, continuamente recolhido, faze por consegui-lo de quando em quando, pelo menos duas vezes ao dia, pela manhã e à noite.
Arma-te varonilmente contra as ciladas do demónio: refreia a gula e, mais facilmente, reprimirás as tendências da carne.
Nunca estejas de todo ocioso: lê, escreve, reza, medita, ou faz alguma coisa de utilidade para outros.
Os exercícios corporais, porém, devem ser praticados com discernimento, porque nem a todos convém igualmente.
Os exercícios particulares não se devem fazer em público, porque é mais seguro pratica-los em segredo.
Guarda-te, contudo, de ser negligênte para os exercícios da comunidade e muito pronto para os particulares: satisfita, porém, inteira e fielmente, as coisas de obrigação e preceito, se te sobrar tempo, emprega-o em particular. segundo a tua devoção.
Até da oportunidade do tempo dependem os exercícios: pois pois uns ficam melhor no dia de festa, outros nos dias ordinários.
De uns necessitamos no periodo da tentação, de outros no de paz e repouso.
Na proximidade das principais festas devemos renovar nosso exercícios de piedade, implorando com mais fervor, a intercessão dos santos.
De uma a outra solenidade preparemo-nos como se houvessemos de sair deste mundo para a festa da eternidade.
Assim, pois, aparelhemos com diligência, nesses termos festivos, entregando-nos à práticas de piedade e mais rigorosamente guardando as regras como quem deve, dentro em pouco, ir receber de Deus o prêmio de seus trabalhos.
E, se este momento for diferido, acreditemos que não estamos ainda convenientemente preparados, nem somos dignos de tanta gloria, que se nos há de revelar no tempo próprio: cuidemos de nos preparar melhor para o nosso transito.
Bem-aventurado o servo, diz o evangelista São Lucas, a quem o Senhor, quando vier, encontrar vigilânte. Em verdade vos digo que o constituirá sobre todos os seus bens.
Tradução a cargo de Dott. Alberto Rossini (Brasil
AVE MARIA EM LINGUA PORTUGUESE